Blog

A Importância do Sal/Sódio

O sal desde sempre teve um conotação importante ao longo da História da Humanidade, importantes guerras foram disputadas devido à sua escassez e impotância. Hoje em dia se tivessemos de atribuir uma personagem de cinema que representasse o sal, este seria o vilão.

Grandes campanhas já foram lançadas como apelo à diminuição do consumo de sal dado que também já foi associado como potenciador de doenças cardiovasculares. Se outrora foi usado como moeda de troca hoje em dia é quase um dado adquirido. O importante a reter de toda a informação fácil com a qual somos atingidos no dia a dia vem de um provérbio bem português: cada um é como cada qual, e cada qual é como é.

Na composição do sal que vulgarmente usamos destaca-se um eletrólito extremamente importante, o sódio. Um eletrólito é uma substância com carga elétrica capaz de conduzir impulsos elétricos por todo o organismo permitindo assim a comunicação celular. Percebendo um pouco o papel dos eletrólitos no organismo já conseguimos ter uma ideia das vastas consequências associadas aos seus défices mas hoje vamos direcionar a temática para o treino.

O sódio tem uma grande influência na performance de um atleta. Para além de manter o equilibrio hídrico e de participar ativamente na transmissão de impulsos nervosos possui ainda a particularidade de intervir na contração e no relaxamento muscular, algo particularmente importante para um atleta, por consequência o sódio torna-se necessário para a produção de força. Quando falamos em sódio é quase impossível não falar da aldosterona.

A aldosterona é um mineralcorticóide produzido nas glândulas supra-renais e é responsável pelo balanço eletrólitico através da sua ação renal em resposta à concentração de sódio. Quando o consumo de sal é baixo e por consequente a concentração de sódio baixa, ou quando existem perdas exacerbadas de sódio, os rins excretam renina. Por sua vez a renina promove a conversão do antitensinogénio em angiotensina que atua nos vasos sanguíneos diminuindo o seu calibre, este efeito provoca um aumento da tensão arterial que estimula a produção de aldosterona.  A aldosterona irá atuar como poupador de sódio, ou seja irá aumentar a reabsorção renal de sódio.

Um indivíduo que faça uma restrição crónica de sal na alimentação está constantemente exposto à ação deste eixo renina-angiotensina-aldosterona. Até este ponto nada parece anormal, a questão altera-se quando se verifica uma concentração de angiotensina elevada de forma crónica. A angiotensina apresenta um papel ativo na resistência à insulina e na produção de radicais livres no endotélio. A própria resistência à insulina vai condicionar a produção de óxido nítrico, os radicais livres no endotélio irão degradar o pouco óxido nitrico produzido impedindo-o de chegar ao músculo onde iria exercer a sua função de vasodilatação e relaxamento muscular. Desta forma uma redução exagerada ou mesmo a restrição em sódio na dieta dos atletas poderá traduzir-se em pouca vasoldilatação e congestionamento.

Quando analisamos as principais formas de perda de sódio, e eletrólitos no geral, constatamos que a sudação é a principal via pela qual o sódio é excretado. Nesta tentativa do organismo para baixar a temperatura corporal através da libertação de água há também a excerção de sódio para manter o equilibrio celular. É por este motivo que quem treina regularmente está mais susceptivel a estas perdas e tem necessidades diferentes daqueles que não treinam. É ainda necessário ter em conta que fatores como a duração do treino/evento e as condições climatéricas em que este decorre têm grande influência no processo.

De momento não é possível prever o ponto exato a partir do qual a perda de sódio se torna um problema, no entanto quando o défice é extremo, para além de comprometer o desempenho, o organismo pode entrar em choque e colapsar. Sintomas como cãibras musculares, fadiga, tonturas, náuseas e dificuldade de concentração poderão ser indicadores precoces de deficiência de sódio.

Uma forma de tentar colmatar estes défices, uma vez confirmados, será aumentar o uso de sal na dieta e/ou usar eletrólitos nos dias de treino. Alimentos como a picanha, os queijos, camarão e frutos do mar, bacalhau, farelo de trigo, azeitonas poderão ser usados como potenciadores dos níveis de sódio.

Como consideração final é importante referir que as necessidades dietéticas de sódio são sempre individuais, assim como os fatores que condicionam ou potenciam as suas perdas. Os sintomas associados à defeciências são também sintomas generalizados a outros défices e a outras patologias pelo que não deverá ser tomada nenhuma atitude sem um diagnóstico médico.

Team Paulo Fernandes Fitness

 

*Alimentos referenciados pela Tabela da Composição dos Alimentos V 2.0- Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge com base na ingestão dietética de referência para adultos sedentários (Food and Nutrition Board, Institute of Medicine). O conteúdo deste artigo é de caracter informativo e não deve ser interpretado como aconselhamento profissional. As opiniões contidas não devem ser usadas para diagnóstico e/ou tratamento de problemas de saúde. É sempre imperativo o aconselhamento com profissionais de saúde antes de aplicar qualquer dieta ou regime alimentar. Uma alimentação rica em sódio pode não ser viável, saudável ou segura para ti.

 

No Comments
Add Comment

Segue-nos nas redes sociais