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O que são probióticos?

 

O termo “probiótico” foi conhecido pela primeira vez em 1965 e foi definido como “aquele fator de origem microbiológico que estimula o crescimento de outros organismos” por Lily e Stillwell e em 1989 Roy Fuller acrescenta que para ser considerado probiótico “o microorganismo em questão devia estar presente em estado viável” e ainda “ter um efeito benéfico para o hospedeiro”, desta forma nascia uma definição já muito semelhante àquela que hoje em dia prevalece (Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gastroenterologia, 2011). Atualmente, de acordo com a Food and Drugs and Aministration/World Health Organizations (FAO/WHO) para serem considerados probióticos estes devem ser “microrganismos vivos, administrados em quantidades adequadas, que conferem benefícios à saúde do hospedeiro” 

 

 

O interesse científico por microorganismo e a sua associação a benefícios para a saúde humana surgiu no princípio do século XX quando Elie Metchnikff, através das suas observações, sugere que a longevidade dos camponeses da Bulgária se deve ao consumo de produtos à base de leite fermentado e que este tinha uma influencia sobre a microbiota intestinal no sentido em que substituía os microorganismos nocivos por microorganismos benéficos para a saúde (Fuller, 1997). 

 

 

Tal como a própria definição de probióticos indica, quer atual quer a inicial, nem todos os microorganismos podem ser considerados probióticos, é necessário que tenham características específicas, características essas que estão bem definidos e permitem distinguir que microorganismos têm potencial probiótico. Segundo a FAO/WHO o microorganismo deve ter uma identificação internacionalmente conhecida, ou seja espécie e subespécie; deverá resistir ao ambiente envolvente como sais biliares, acidez do estômago; deve ter um efeito benéfico para o hospedeiro conhecido,  demonstrado in vivo e in vitro, assim como a dose potencial de provocar o efeito; deve ainda ter um boa capacidade de aderir ao epitélio intestinal (à “parede” intestinal) e ainda mostrar segurança comprovada para além de manter uma boa viabilidade até ao momento de administração. 

 

 

A origem de grande parte das culturas de microrganismos probióticos usados atualmente é o intestino humano ou animal uma vez que o local de ação é semelhante ao local de isolamento e assim poderá potenciar-se a sua eficácia, os géneros mais utilizadas come esse fim são os Lactobacillus e Bifidobacterium (Antunes et al., 2007). Os mecanismos de ação destes microorganismos no hospedeiro variam em função dos diversos fatores externos mas de forma geral podem atuar por competição e alteração do ambiente intestinal, e assim assumir uma atividade antimicrobiana, modulando a composição da microbiota intestinal, ou seja diminuir ou eliminar microorganismos patogénicos (Rieder et al., 2012; Saad, 2006); poderão ainda promover um reforço da barreira intestinal (Franco et al., 2007; Zhou et al., 2012) e potencialmente estimular e modular o sistema imunológico do hospedeiro no entanto os mecanismos pelos quais poderão exercer estas ações não são totalmente claros ainda (Bermudez et al., 2012; Coppola e Turnes, 2004). 

 

 

A visão atual sobre as aplicações clínicas incide em diversas condições, estudos clínicos têm vindo a demonstrar que determinados probióticos podem ter um efeito benéfico em condições como doenças cardiovasculares, doença inflamatória intestinal, diarreia, alergias e intolerâncias (como a intolerância à lactose), entre outras (Arribas et al., 2008). Em relação a esta temática existem ainda várias hipóteses em estudo, como por exemplo a sua relação com a saúde mental, já com alguns resultados bastante promissores, mas que carecem de mais suporte científico para que possamos ter respostas de maior fiabilidade.

 

 

Numa fase precoce o mercado disponibilizava os produtos à base de probióticos através de formulas líquidas que apresentavam baixa estabilidade no entanto hoje em dia é possível encontrar produtos de muito melhor estabilidade sobretudo em produtos lácteos como leites fermentados e iogurtes, diversos tipos de queijos mas também em bebidas vegetais fermentadas, cápsulas, comprimidos, pós e probióticos na forma liofilizada em outras formas de dosagem (Guarner et al., 2012).

 

 

Atualmente  o acesso a alimentos probiótico é bastante facilitado e os seus benefícios são também fortemente disseminados no entanto, e apos um séculos após ter sido colocada a hipótese das bactérias intestinais poderem promover a saúde humana e terem sido fortemente estudados no sentido de validar o seu potencial de ação como forma preventiva e terapêutica em determinadas patologias há ainda muitas questões por responder e muitas dúvidas por esclarecer principalmente quanto a mecanismos de ação portanto o seu uso deve ser sempre aconselhado e supervisionado por um profissional de saúde.

 

 

O conteúdo deste artigo é de caracter informativo e não deve ser interpretado como aconselhamento profissional. As opiniões contidas não devem ser usadas para diagnóstico e/ou tratamento de problemas de saúde. É sempre imperativo o aconselhamento com profissionais de saúde antes de aplicar qualquer dieta ou regime alimentar.
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