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Hoje em dia ainda existe a crença de que quanto mais suamos mais gordura estamos a perder, que a perda de massa gorda é proporcional à quantidade de suor que produzimos durante o esforço, se não suamos então o exercício não foi eficaz e não estamos a conseguir chegar ao objetivo, perder gordura.

O suor acontece como resultado de um mecanismo interno de termorregulação, ou seja, um mecanismo que trabalha no sentido de manter a temperatura corporal quando existe um desvio daquilo que é o normal. A temperatura corporal normal em descanso poderá variar entre 36 a 37ºC, no entanto, mediante situações específicas, como a prática de exercício físico, poderá haver um aumento ou uma diminuição para além daquela que é a margem basal, nesses casos é necessária uma resposta rápida do organismo para regular a temperatura e assim evitar o comprometimento das funções vitais. No caso específico da prática desportiva em que há aumento da temperatura corporal, a resposta do organismo a este aumento é o suor. O suor é uma resposta natural do nosso organismo que, através da evaporação de fluidos, permite tentar diminuir a temperatura corporal pois quando ocorre um aumento de temperatura agressivo pode ocorrer danos das funções vitais. A partir do momento em que o suor evapora da pele o resultado disso é um efeito de arrefecimento natural (Koppe, Christina, Kovats, Sari, Jendritzky, et al. (‎2004).

Como vimos no parágrafo anterior o suor é o resultado de uma libertação de água e sais minerais, sobretudo cloreto de sódio e potássio, daí que o sabor do suor seja salgado, e, portanto, é normal que ao perdermos água percamos também o peso associada a essa água. Dessa forma a crença ainda bastante comum de que suar é sinónimo de perda de peso pode realmente ser verdade, o que não é verdade é a correlação direta que ainda hoje se faz entre perda de peso e perda de gordura, nem toda a perda de peso é perda de gordura e este é um dos mais claros exemplos disso.

Porque é que há pessoas que suam mais do que outras?
Como já vimos suar mais ou menos não está associado a uma maior ou menor capacidade para perda de gordura, nem mesmo estará, de forma isolada, associado apenas à temperatura corporal ou ambiente pois nesse caso mediante terminada temperatura todos nós suávamos da mesma forma e na prática isso não acontece. Todos nós temos aquele amigo que lhe basta correr 10m ou subir um pequeno lanço de escadas e já é o suficiente para ficar encharcado em suor, desta forma também a intensidade do exercício físico parece não ser uma influencia direta e exclusiva. Existem diversos fatores que vão contribuir para que uma pessoa possa suar mais do que outra nas mesmas condições. Um fator que é determinante nesta variabilidade da taxa de sudação entre nós é a genética, há pessoas que têm uma maior quantidade de glândulas sudoríparas em quantidade e tamanho, e glândulas que podem segregar mais ou menos suor, e outras que têm menor quantidade de glândulas, e também em menor tamanho, e este parece ser o principal fator que distingue a resposta diferente entre pessoas diferentes expostas às mesmas condições, nem tanto se relacionará com o sexo, com a altura, idade ou condição física, no entanto todos estes parâmetros contribuirão com menor expressão (Buono & Sjoholm, 1988) (O. G. Edholm & J. S. Weiner, 1981). Sabe-se que, por exemplo, corpos maiores têm tendência a produzir mais calor durante a atividade física, nesse sentido os homens, ou pessoas com uma quantidade de massa gorda acumulada elevada, tendem a transpirar mais do que as mulheres ou pessoas com uma quantidade de massa gorda acumulada baixa (Koppe C, Kovats S, Jendritzky G, Menne B, 2004) (Buono & Sjoholm, 1988).

O nosso organismo tem também a habilidade de se adaptar às condições a que é submetido, dessa forma também parece que pessoas com um melhor condicionamento físico estão melhor preparadas e adaptadas a nível de termorregulação e então tendem a começar a transpirar mais cedo relativamente a pessoas menos treinadas nas mesmas condições, isto por si só também mostra que medir a intensidade do treino (ou a “eficácia” do treino) pela transpiração não é algo fiável ou correto (Buono & Sjoholm, 1988).

Um outro aspeto que pode influenciar a sudação é a humidade do ar, este é um aspeto muito importante a ter em consideração no planeamento de um treino ou de uma prova e que na grande maioria das vezes é esquecido. Quando maior a humidade do ar maior será a necessidade do organismo produzir suor para regular a temperatura, pois a evaporação do suor é menor. Pelo contrário, se o ar é mais seco a evaporação do suor é facilitada e menor será a necessidade do organismo produzir suor (O. G. Edholm & J. S. Weiner, 1981).

Hoje em dia ainda é um tanto comum vermos pessoas a correr na rua com muita roupa em dias quentes ou até a usar cintas plásticas na zona abdominal na tentativa de aumentar a produção de suor e assim perder mais peso, para alem de serem técnicas que podem trazer malefícios ficamos hoje a saber que m nada contribuem para que haja um maior impacto a nível de perda de gordura corporal efetiva.

O conteúdo deste artigo é de caracter informativo e não deve ser interpretado como aconselhamento profissional. As opiniões contidas não devem ser usadas para diagnóstico e/ou tratamento de problemas de saúde. É sempre imperativo o aconselhamento com profissionais de saúde antes de aplicar qualquer dieta ou regime alimentar