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Stress… um grande inimigo nos dias de hoje!

Nos tempos que correm o stress é algo tão comum que grande parte das vezes torna-se simplesmente banal, quase como um componente que já faz parte do dia-a-dia, que de tão recorrente já aprendemos a conviver com ele. Chegamos a um ponto em que se torna mais difícil encontrar alguém que não se sinta constantemente sob stress do que “vida” em Marte. O stress representa uma ameaça real ou implícita à homeostase, ou seja é um evento ou conjunto de eventos que ameaçam o organismo e provocam respostas fisiológicas e comportamentais no sentido de alcançar a estabilidade e manter o set-point. De forma geral o stress pode dividir-se em stress agudo e stress crónico, o nosso organismo está preparado para lidar com o stress agudo já que possui mecanismos protetores e adaptativos, quando a exposição ao agente agressor é crónica a sobrevivência do organismo assume o papel principal dado que estamos constantemente sujeitos a um ambiente hostil. É este ambiente adverso que pode ter implicações metabólicas e fisiopatológicas, no entanto e apesar de parecer que o stress é o vilão não nos podemos esquecer que, quando em pequenas quantidades, é ele mesmo que nos salva a vida.

Stress agudo todos nós já experienciamos e portanto é muito fácil identificar alguns fatores causais, as sensações também são bem marcadas principalmente no que concerne à frequência cardíaca e à frequência respiratória. Relativamente ao stress crónico o excesso de responsabilidades e exigências laborais, privação do sono, a própria estrutura alimentar e até mesmo o exercício físico de grande intensidade e duração são listados como as principais causas. Hoje em dia é possível relacionar o stress com várias doenças tal como doença cardiovascular ou disfunção sexual mas a primeira patologia associada ao stress foi a úlcera gástrica, atualmente sabe-se que o impacto do stress no sistema gastrointestinal vai muito mais além.

O nosso cérebro comunica com o sistema digestivo através do sistema nervoso entérico, perante uma situação de perigo ativa uma resposta conhecida como “fight or flight” que inclui a ação de um conjunto de hormonas e neurotransmissores. Perante esta resposta o estômago e o intestino diminuem ou “interrompem” a digestão já que o fluxo sanguíneo é redirecionado para o trabalho muscular onde a energia poderá ser mais necessária para combater o perigo. Uma das principais caraterísticas desta resposta é o aumento da capacidade de produzir força e um aumento da tensão muscular e nesse sentido o músculo necessita de toda a energia disponível. A nível digestivo o resultado pode ser dor abdominal, paragem digestiva, vómitos, diarreia, entre outros sintomas. Quando falamos em situações de perigo neste contexto não significa exatamente perigo de vida, sentimos muitas das vezes estes sintomas antes de uma prova ou de uma exposição pública, não estamos em perigo de vida na realidade, mas o nosso organismo não consegue distinguir a causa do stress e então a resposta é a mesma.

A nossa composição corporal pode também ser afetada quando estamos constantemente sob stress e isto é algo que, de uma ou outra forma, já temos bem presente. Umas das hormonas produzidas quando estamos expostos ao stress é o cortisol que, entre outras funções, influencia o metabolismo dos macronutrientes. O grande objetivo desta resposta é a disponibilização de energia para que nos possamos defender da ameaça que estamos a sofrer, desta forma vamos precisar de toda a “ajuda” possível. Assim sendo o cortisol vai promover a libertação de ácidos gordos do adipócito e vai ainda estimular a lipogénese, ou seja a formação de gordura, mas o que acontece é que essa energia que supostamente seria necessária para combater a “ameaça” não vai ser usada pois na realidade não existe “ameaça” e não precisamos fugir ou lutar, se não é necessária então vamos armazena-la para eventualidades futuras. A zona abdominal parece ser a mais afetada no que concerne a esta acumulação de massa gorda, isto acontece principalmente porque é uma zona que apresenta maior concentração de recetores de glucocorticoides. No real contexto da resposta a acumulação de massa gorda é muito vantajosa o problema é o estilo de vida atual, na grande maioria das vezes, não corresponde ao real contexto.

Os níveis elevados de cortisol estimulam a ação de diversas outras hormonais que vão ter o seu contributo na composição corporal fazendo com que nos tornemos mais poupados a nível energético, ou seja o efeito no nosso metabolismo será despender o mínimo de energia possível, desta forma parece haver uma inibição das hormonas tiroideas e uma diminuição dos níveis de leptina em circulação de forma a diminuir a saciedade e estimular a ingestão, neste momento precisamos de toda a ajuda possível então começamos a gastar menos energia e ainda vamos estimular mais o apetite para haver mais energia a entrar no organismo.

O impacto do cortisol nas hormonas sexuais também é bastante notório principalmente por via da aromatase. A aromatase é uma enzima que converte testosterona em estradiol e tem um impacto na composição corporal principalmente na acumulação de gordura na região glúteo/femoral, flancos e tricípite.

Não podemos falar do cortisol sem o associar ao sono, o ciclo circadiano desta hormona é responsável pelos momentos de vigília e de sono. O nosso despertar acontece quando os níveis de cortisol estão elevados, logo pela manhã quando surgem os raios de sol, e o sono aparece ao fim do dia quando os níveis de cortisol começam a descer e em contraste os níveis de melatonina estão aumentados, isto numa situação ideal. O que acontece hoje em dia é que estamos constantemente expostos a fatores que permitem que os nossos níveis de cortisol se mantenham elevados por períodos de tempo em que já não seria suposto, desta forma a própria qualidade do sono fica comprometida e já conhecemos do artigo anterior o impacto que a privação do sono tem na saúde.

Atualmente, e tendo em conta todo o panorama, tem vindo a ser estudada a relação entre elevados níveis de cortisol cronicamente elevados e a obesidade, através dos seus efeitos na acumulação de massa gorda, e os resultados são muito promissores. Apesar de tentarmos simplificar toda a informação esta é uma questão de enorme complexidade que não deve ser tomada de forma leviana, as complicações são reais e vão muito mais além da composição corporal. É muito importante que haja um papel proativo no sentido de eliminar as principais fontes de stress ou implementar estratégias funcionais que permitam diminuir a exposição para níveis que não coloquem em risco a saúde.

O conteúdo deste artigo é de caracter informativo e não deve ser interpretado como aconselhamento profissional. As opiniões contidas não devem ser usadas para diagnóstico e/ou tratamento de problemas de saúde. É sempre imperativo o aconselhamento com profissionais de saúde antes de aplicar qualquer medida.

Team Paulo Fernandes Fitness

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