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A quarentena é um cenário para o qual nenhum de nós estava preparado. A normalidade que cada um de nós conhece, não passa por estar confinado em casa de forma obrigatória, e mesmo para quem continua a trabalhar diariamente, as saídas de casa já não são iguais. Sejas tu alguém que está em casa porque o teu trabalho foi cessado, sejas um profissional de saúde, de distribuição de bens, de prestação de serviços fundamentais ou outro, neste momento, deparas-te com uma série de restrições e de mudanças, sem precedentes. É normal que sintas que deves fazer uma “pausa” na tua vida a todos os níveis.

“Se o ginásio fechou, não faz sentido treinar”, e se não faz sentido treinar, “nesta fase não estou para dietas”. Até porque as preocupações são tantas, que “não é uma boa fase para pensar no corpo”. Todos estes pensamentos são compreensíveis, afinal, estás a tentar redefinir e ajustar a tua vida em função das novas circunstâncias. Mas será que a tua forma física e a tua relação com o corpo serão aspetos “secundários” na tua vida? E será que quando tudo isto terminar e precisares de seguir com a tua rotina, te irás sentir bem com a tua performance diminuída? Mais do que isso, o que representa a inatividade física e ausência de cuidados com a alimentação, para a tua saúde? Damos-te razões para não deixares de forma nenhuma de cuidar de ti e não deixares de ser acompanhado nesta fase. 

1 – Se a saúde é o mais importante, esta é a principal razão para continuares o processo que tens feito até aqui. 

Vamos começar por falar de saúde, afinal, qual é a nossa grande preocupação? Não é objetivo deste artigo falar dos perigos associados à infeção pelo novo vírus SARS COV-2, mas os dados apontam para agravamento da doença Covid-19, estão relacionados com quadros de obesidade, diabetes mellitus, hipertensão e obesidade*. Poderás não tornar-te obeso nem diabéticos em 2 ou 3 semanas de quarentena, mas se o isolamento social (com ginásios fechados e com todas estas normas impostas), durar meses (e é uma realidade possível e provável), as consequências de um sedentarismo, associado a um maior consumo de alimentos, vai ter um resultado óbvio: aumento de massa gorda e aumento de peso corporal, associados a maior risco de incidência de complicações como hipertensão arterial, diabetes, obesidade, entre outras. Controlar o peso, manter o nível de massa gorda baixo, preservar a massa muscular, são aspetos que dependem da ingestão energética diária e respetivos macronutrientes e do nível de atividade física diário.  É simples, quando estás a seguir um plano alimentar adequado a ti e a treinar regularmente, não estás só a cuidar da estética, estás a cuidar da tua saúde garantidamente. 

2 – Massa muscular “sacrificada” 

Se considerarmos um longo período sem treinar, acrescido a uma alimentação rica em hidratos de carbono e gordura e baixa em proteína, o resultado, mais uma vez, não vai ser “bonito”. A massa muscular será certamente comprometida, e se já passaste por uma fase de aumento sabes que 1kg de músculo representa muito empenho e trabalho, e não aparece numa semana nem duas. 

Aproveitando que nesta fase, há mais tempo para cozinhar, para fazer refeições calmamente, para treinar com mais tempo, é o momento certo para investires na qualidade das tuas refeições. Deves incluir proteínas de origem animal e vegetal no teu dia, seja através de carne ou peixe, hambúrgueres vegetais, lacticínios magros, panquecas ou “bolos” proteicos. O tempo é neste momento o nosso maior aliado, vamos tirar proveito dele. 

 3- A estética não é algo de segundo plano, para muitos de nós é algo de fundamental

Sim, a saúde é a prioridade. E sim, neste momento, o foco principal é a sobrevivência, a prevenção e a responsabilidade. Mas cumprido o nosso papel social e pessoal, no que toca à prevenção do contágio pelo vírus, porque seria algo superficial continuar a cuidar da nossa estética? Afinal de contas, o que é mais nosso e de nossa responsabilidade que o nosso corpo? 

Pelas razões acima citadas, é fundamental manter o treino e uma alimentação cuidada pela nossa saúde, mas gostarmos do corpo em que vivemos é fundamental também. Para muitos de nós, e digo isto baseado nos meus clientes, (sempre focados e motivados para fazer mais e melhor), evoluir a nível físico e de performance é motivo de alegria, de vontade de fazer mais e melhor todos os dias e de motivação para enfrentar outras áreas da vida.

Treinar diariamente e controlar as refeições são das poucas coisas que ainda podes fazer diária e livremente. Veres evolução física constante é algo que nenhum isolamento te pode tirar. Se já é difícil lidar com uma pandemia e com todos os problemas sociais e até económicos, porque acrescentar a este cenário, uma piora na tua autoestima?

Investe em ti. Mais do que nunca, tens tempo para isso. Além disso, tens razões para estar na tua melhor forma física e psicológica e ainda, tens a possibilidade de ultrapassares as tuas dificuldades e de desenvolver os teus pontos fortes.

*https://www.ijidonline.com/article/S1201-9712(20)30136-3/fulltext

Yang J. et al. (2020). Prevalence of comorbidities in the Wuhan coronavírus (COVID-19) infection: a systematic review and meta-analysis. International Journal of Infectious Diseases.